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DESMISTIFICANDO A CARREIRA DE CONSELHEIRO

Foto do escritor: CELINTCELINT

Atualizado: 10 de jun. de 2024

Por Wanderlei Passarella - Founder & Chairman no CELINT


Está ocorrendo uma saturação semelhante ao que ocorreu com o coaching?


As empresas estão montando Conselhos, gerando novas vagas


Posso ser um Conselheiro se minha carreira ocorreu em uma área técnica específica?


O Conselho é mais uma camada na hierarquia das empresas?


O trabalho do Conselheiro precisa cada vez das ferramentas de alta tecnologia, como a IA?



Estas e outras perguntas procuro responder neste artigo, bem como clarificar como vejo o futuro da carreira de Conselheiro. Farei isso respaldado com a minha experiência de 26 anos em Conselhos de empresas abertas, fechadas, familiares, ONGs, Associações de Classe, startups, etc.


Fruto desta experiência, fundei uma empresa de formação de Conselheiros, o CELINT, realizei mais de meia centena de consultorias para desenvolver Governança em empresas fechadas e lancei alguns livros, dentre eles o de referência na área – “Conselheiro de Empresas – o que você precisa saber para uma carreira promissora”. Veja aqui: www.celint.net.br/conselheirodeempresas


Vamos começar?


Sem dúvida há uma crescente formação de Conselheiros por diversas escolas que entraram recentemente no setor. Isso é bom ou ruim? Como tudo na vida tem o lado positivo e o lado negativo. A propaganda gerada por tal movimento, bem como a pressão do ESG, tem ajudado a despertar o interesse nas empresas. O que é muito interessante. Por outro lado, a falta de pré-requisitos para participar de alguns desses cursos, coloca muitos profissionais numa posição frágil de não ter muitas oportunidades na disputa pelas vagas. Alguns serão contratados, mesmo sem ter a experiência necessária, e poderão trazer um impacto negativo ao mercado, atrasando os processos de Governança em algumas empresas. Na minha visão, ao longo do tempo, o próprio mercado vai separar o joio do trigo, na medida em que este amadurecer, e quando acionistas e empresários estiverem mais familiarizados com o tema.


Se você é um profissional buscando essa carreira, faça um escrutínio sincero de sua experiência e conclua se tem as pré-qualificações necessárias, antes de entrar em cursos e formações que podem te frustrar. Temos um quiz on-line e gratuito em nosso site para esse fim: https://www.celint.net.br/quiz-sou-um-conselheiro-potencial

Muitas empresas estão, efetivamente, procurando desenvolver sua Governança e partindo para instalar seu Conselho, seja Consultivo ou Administrativo. Temos sentido, de forma inequívoca, o aumento da demanda por projetos desse tipo. Mas, daí não dá para afirmar que teremos uma escalada suficiente para abarcar toda a oferta atual de profissionais. Há um mercado potencial muito grande. No meu livro, citado acima, demonstro que temos em torno de 150 mil posições potenciais para Conselheiros. Mas, não sabemos em que medida este vai se concretizar e em qual prazo.


Quanto mais profissionais experientes, qualificados e bem-preparados estiverem na linha de frente da Governança das empresas, maior o potencial de sucesso e velocidade. Esse, portanto, é mais um elemento de precaução com o tipo de trabalho que podemos desempenhar. É como ter um avião e procurar uma empresa para desenvolver sua estrutura de pilotagem; não dá para entregar essa tarefa para amadores, muito menos na escolha dos pilotos. O risco é o avião cair...

Mas, e se minha carreira se desenrolou numa área técnica, tecnologia da informação por exemplo, eu tenho chance de ser um Conselheiro? A resposta é: depende!!! Tem muita chance se, além da área técnica onde atuou, participou do Board Executivo, ou foi empreendedor em paralelo, ou dirigiu uma unidade de negócios de forma matricial. E, principalmente, se teve um papel muito ativo no desenvolvimento das estratégias e modelos de negócios.


Quem contrata um Conselheiro são os acionistas de uma empresa. Vamos nos colocar no lugar deles. Quem eles procuram para estar no Conselho, onde decisões multifacetadas, em áreas cruciais para a criação e geração de valor, são uma constante? Claro, profissionais experientes, que já vivenciaram essa situação e tem um histórico de realizações nessa área. Não podemos imaginar eles contratando alguém muito técnico, sem essas qualificações necessárias.


O Conselho, definitivamente, não é uma camada a mais na hierarquia, mas uma “holarquia” (no sentido de funcionar de forma holística). É necessário profissionais que saibam tomar decisões em colegiado, que pratiquem a arte da escuta, que saibam argumentar e levantar os pontos contraditórios e, mesmo com tudo isso, consigam chegar a uma decisão sobre o rumo a seguir com relativo consenso. É o que chamo em meu livro de dominar a prática do “confronto x consenso”.

Os profissionais que assumem a posição de Conselheiros em empresas familiares precisam, acima de tudo, aprender a gerenciar conflitos, mediar posições antagônicas entre acionistas e familiares, dominar a negociação política produtiva. As decisões extrapolam o aspecto técnico e buscam conciliar interesses e visões. Costumo dizer que bons Conselheiros sabem trabalhar de forma a encontrarem a síntese, entre tese e antítese!!!


Por fim, sempre me perguntam sobre as ferramentas de alta tecnologia no Conselho, serão elas disruptivas para a atividade? Sem dúvida é preciso conhecer os fundamentos sobre transformação digital, base de dados, IA e outros. Mas, não é preciso ser um expert nisso. A visão geral sobre o assunto será importante nas tomadas de decisão estratégicas, mas o Conselho contará com a ajuda de profissionais da empresa e consultores muito gabaritados.


O que mais conta, no caso dos Conselheiros em empresas fechadas e familiares, é sua capacidade de lidar com o ser humano, seu conhecimento profundo do espírito e da psicologia, bem como das idiossincrasias do poder, e saber que as decisões não serão tomadas por serem a melhor alternativa técnica. Mas sim a melhor alternativa técnico-política. Eu me explico: lá no alto do Governo da Empresa, onde acionistas e seus representantes se encontram no colegiado, a melhor decisão é aquela que se está na confluência das possibilidades técnicas viáveis com as intenções dos grupos de interesse... tão verdadeiro, nu e cru quanto isto. Todo o resto é especulação sobre o futuro do processo decisório, quando dele estiver perto uma inteligência não humana...


Com tudo isso, concluo que a carreira de Conselheiro é muito promissora. A maioria das empresas pode se beneficiar em evoluir sua Governança e ter um Conselho bem montado, produtivo e efetivo. Este exercerá um papel crucial para garantir o governo estratégico do negócio aos acionistas e melhorar a eficácia das grandes decisões!


Abrace esta carreira, pois a realização que ela propicia não tem preço. Mas, antes, se prepare adequadamente, ganhe os pré-requisitos e mergulhe numa maratona de transformação e desenvolvimento pessoal/profissional de forma profunda. A sua contribuição e seus ganhos serão de valor inestimável para a sociedade. Avante!


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