Por Wanderlei Passarella - Diretor Executivo na Synchron & Celint
O atributo mais importante para a boa dinâmica de um Conselho de Administração é a capacidade de seu Presidente de desafiar os seus membros e buscar o consenso nos assuntos mais importantes para a organização.
Nesta frase encontramos presentes os três elementos que, juntos, compõem os aspectos chave, na função do Presidente, para concretizar esse atributo crucial para maximizar a dinâmica do trabalho dos Conselheiros: o que é importante de ser discutido, o desafio aos membros do Conselho e a construção do consenso.
1. O que é importante de ser discutido e decidido em Conselho?
É papel fundamental do Presidente decidir sobre a pauta de assuntos, cobrar a execução das pendências da ata e dela eliminar ou prorrogar itens. Os assuntos a serem abordados devem se distinguir por:
Constarem de uma lista prévia de assuntos a serem discutidos em determinadas fases do ano.
Serem de relevância para a Mesa Diretora (Conselho) e não de alçada do Corpo Executivo. Essa confusão é muito comum e drena valor do processo.
Assuntos que sejam levados pelos Conselheiros, de preferência a outros encaminhados pelos executivos (que muitas vezes tentam “dirigir” a atenção da Mesa Diretora).
Por aí se vê que o escrutínio constante do Presidente pela escolha dos assuntos a serem discutidos e pela elaboração da pauta requer tempo, conhecimento da empresa e ajuda de outros com poder crítico de separar o “joio do trigo”.
2. Desafiando os Conselheiros:
Tendo a pauta definida, os membros do Conselho precisam ser interrogados, arguidos, desafiados a apresentarem suas visões, suas possíveis decisões e os impactos delas decorrentes. Poucos Presidentes agem de forma a promover o debate de ideais. O trabalho do jornalista William Waack, no Globo News Painel, lembra-nos como é de fato a arte de desafiar ideias. É um traquejo de idas e vindas, resumo de posições, evolução de entendimentos... Tudo para enriquecer o momento final: o consenso.
3. Chegando ao Consenso:
Não há democracia numa Mesa Diretora! Democracia significa decisão da maioria. Superior à decisão democrática é a decisão por consenso. O debate exaustivo existe para se chegar num ponto em que todos fiquem confortáveis com uma decisão, demonstrando que há nela uma boa probabilidade de acerto. Ou que, pelo menos, em casos raros, alguns poucos se permitam juntar ao barco sem estarem totalmente convencidos, mas de acordo com a decisão a ser tomada. Nesses casos formam a chamada “minoria leal”.
Essas três ações, aparentemente simples, são as cruciais para a função do Presidente do Conselho de Administração. A presença delas distingue os Conselhos que aperfeiçoam decisões, focam nas questões mais importantes e fazem a diferença para a gestão do negócio. Na sua ausência temos uma Governança mediana. Certamente não é isso que desejam os acionistas, os investidores e nem os públicos principais da organização. Nada melhor do que buscar a excelência, especialmente quando se trata do órgão máximo de uma empresa. Os resultados agradecerão!