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DIÁRIO DE UM CONSELHEIRO - 4

Foto do escritor: CELINTCELINT

Por Wanderlei Passarella - Founder & Chairman no CELINT


Preconceito revelado ao nível do Conselho



Há quase uma década, eu ainda não havia fundado o CELINT, fui chamado, por um amigo que trabalhou comigo em um projeto profissional, para ajudá-lo com o desenvolvimento da Governança da empresa de sua família.


Nós nos conhecíamos há mais de 20 anos e eu não sabia que ele era um dos principais sócios de uma empresa familiar, localizada numa cidade industrial no interior do Brasil. Todos os CEOs tinham sido da família e, agora, quem estava no leme era seu irmão. Estava chegando o momento dele se aposentar, mas não havia mais familiares interessados em assumir. O que fazer?


Comecei minha conversa com esse meu amigo colocando meu ponto de vista de que a única solução seria montar uma Governança robusta, com um Conselho atuante e profissional e contratar um CEO do mercado. Eu poderia ser um dos Conselheiros, já que acumulava mais de 15 anos de experiência nessa função, naquela época.


Este meu amigo não poderia assumir, pois já morava em outra cidade, tinha sua profissão que ia muito bem e não tinha a vontade de se dedicar por tempo integral à sua empresa. Combinamos uma viagem juntos para a cidade, para que, em dois dias, eu pudesse conversar com os acionistas, com o CEO e desenhar o modelo de Governança, o modus operandi do Conselho etc. Assim foi feito.


Qual “não foi” minha surpresa ao constatar que o CEO, no jantar que marcamos após o término de meu trabalho, não olhava para mim. Mesmo quando eu perguntava algo a ele, respondia olhando para seu irmão! Fiquei intrigado, mas - logo depois - por outros motivos, descobri a razão: eu não seria convidado para assumir como um dos Conselheiros. Para eles, da família, eu era um “gringo”.


Senti na pele o preconceito descabido. Afinal, não era a competência que interessava, mas sim a busca por iguais, por quem fosse reconhecido por sua afinidade regional. A partir de então senti o que muitos sentem ao serem olhados de lado por questões menores como sexo, religião, raça ou o que for. Já no século XXI a humanidade parece cultural e eticamente estagnada na idade medieval.


Há um longo caminho pela frente e só a elevação de consciência nos trará o progresso desejado. Trabalhemos por isso, especialmente nos Conselhos, onde as grandes decisões devem ser tomadas. Avante, pois não mudaremos os outros, mas a nós mesmos!!!



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