Por Wanderlei Passarella - Diretor Executivo na Synchron & Celint
“Quem sabe não fala, quem fala não sabe”
Lao-Tsè
É oportuno começar este artigo com a famosa frase de Lao-Tsè, pois falar sobre o futuro é um exercício para treinar o “não-saber”. Tarefa espinhosa, mas importante. Se pudermos ter antevisões de cenários prováveis, conseguiremos nos preparar melhor para eles. A frase é uma síntese deste artigo, pois iremos concluir que estarão mais bem adaptados aos requisitos do mundo do trabalho do porvir aqueles que puderem mais ouvir do que falar...
Para chegar a algumas conclusões, façamos uso de algumas fontes de informação atuais:
1) Até 2020, 55% dos empregos existentes hoje serão extintos (Fonte: Jornal “O Tempo”; por Angélica Diniz. 2015, 9 de Agosto). Isso significa que no espaço de cinco anos, mais da metade das profissões serão absolutamente novas em relação ao que temos hoje. Bastam alguns exemplos do que está surgindo: Operador de Drones, Mentor de Mindfulness, Analista de SEO, etc.
2) O modelo tradicional de emprego está em cheque (Fonte: Revista “Saber Viver - Dinheiro e Carreira”, por Helena Peralta. Site: http://lifestyle.sapo.pt). Já não se considera como predominantes os empregos em que se vende o tempo todo de trabalho a uma única empresa. Se, há alguns poucos anos atrás, desmoronou a fidelidade a uma única empresa, agora a possibilidade de carreira com múltiplas empresas, uma de cada vez, parece ficar cada vez menor. O que está emergindo é emprego em múltiplas empresas simultaneamente. Isso tudo ressalta a necessidade de investir em si mesmo.
3) Os Millenials (Geração Y) buscam, como fator primordial de motivação, o sentido do trabalho (Fonte: https://curseduca.com/blog/quem-sao-os-millennials/). As funções fragmentadas, especializadas e sem visão do todo parece que deverão ficar menos interessante aos mais competentes, na medida em que os jovens compreendem os erros e desgastes vividos por seus ancestrais. E uma nova classe de profissionais, a Geração Z, começa a entrar no mercado de trabalho com expectativas e posturas ainda mais inovadoras...
4) Você está preparado para ser substituído por um robô? (Fonte: Administradores.com, por Marcos Morsch. 2016, 29 de janeiro). Uma série de profissões, hoje fundamentais, será abolida pela automação e robótica. Até mesmo os motoristas de taxi convencionais, hoje em risco no negócio e tão resistentes com aplicativos como o Uber e outros, poderão ser ainda mais impactados pelos carros sem motorista (a exemplo do que o Google vem desenvolvendo).
O que concluir disso tudo?
Em primeiro lugar, que o mundo do trabalho futuro vai requerer novas habilidades e competências que ainda não estamos desenvolvendo, até por não sabermos quais são. Por outro lado, o pensamento holístico, com visão sintética do todo, será tão ou mais importante quanto o pensamento analítico e especializado nas partes (que foi consagrado pelo método científico tradicional). Parece uma contradição, mas a própria Ciência, ao se desenvolver e gerar grandes inovações para o ser humano abre espaço para a relativização de sua importância para nós.
Em segundo lugar, parece-nos que a melhor habilidade a ser conquistada, como preparação ao mundo do trabalho futuro, será a capacidade de, constantemente, se autotransformar em tábula rasa: abrir espaço para o novo, tendo antes de desconstruir mitos estabelecidos.
Por último, resta-nos acrescentar que a educação tradicional (escolas conteudistas) já não será aplicável para essa nova realidade do futuro. A urgência de ação para a nova educação é instilar nos aprendizes a capacidade de “aprender a aprender”. Propiciar aos jovens a possibilidade de criar e recriar seus conteúdos de forma dinâmica, autoral, inovadora e adequada. Só e tão somente isso!