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Líderes - A Força do Exemplo

Atualizado: 8 de mai. de 2020

Por Wanderlei Passarella - Diretor Executivo na Synchron & Celint


Artigo | Líderes - A Força do Exemplo

Há tempos penso em escrever sobre a arte de amar, no ambiente profissional, e na sua correlação com a capacidade de um líder verdadeiro inspirar pelo exemplo edificante. Creio que neste momento de questionamentos sobre a situação brasileira tal texto possa ser útil.

Faço uso da palavra de diversos mestres do conhecimento para, em seguida, elaborar uma síntese do que entendo por amor aplicado ao universo profissional e à liderança. É importante visitarmos as palavras dos expoentes nas diversas áreas do pensamento humano para mantermos uma perspectiva transdisciplinar e fugirmos da unilateralidade que dogmatiza e discrimina.

Para alguns Filósofos, amor é uma panaceia para a humanidade e o caminho para a verdadeira libertação: “Uma palavra nos liberta de todo o peso e da dor da vida: essa palavra é amor” – Sófocles; “Há apenas um remédio para o amor, que é amar mais” – Henry David Thoreau.

Para renomados Cientistas, como Einstein e Leibniz, o amor é um vetor para o outro e para o mundo: “Amor é encontrar a própria felicidade na felicidade alheia” – Wilhelm Leibniz; “Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele você conquistará o mundo” – Albert Einstein.

Já para determinados Psicanalistas o amor é um sentimento íntimo e uma energia de transformação humana: “O amor é a única resposta sã e satisfatória ao problema da existência humana” – Erich Fromm; "O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas; se houver alguma reação, ambas serão transformadas” – Carl Jung.

Artistas de renome, como Carlos Drummond de Andrade e Myrtes Mathias, retratam o amor como síntese, maturidade e sabedoria: “Amor, amor é síntese, uma integração de dados: não há o que tirar nem pôr” – Myrtes Mathias; “Amor é o que se aprende no limite, depois de arquivar toda a ciência herdada, ouvida. Amor começa tarde” – Carlos Drummond.

Os Mestres do Espírito, estes são muito profundos, especialmente em se tratando de amor. Para eles, o amor é a força primordial que a tudo constrói no mundo. “Jamais, em todo o mundo, o ódio acabou com o ódio; o que acaba com o ódio é o amor” – Buda. “Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo; aqui está toda a Lei e os Profetas” – Cristo.

O que se conclui como síntese desse passeio pelas visões desses homens brilhantes? Conclui-se que amor é energia criativa, energia de construção. Um sentimento de querer bem a si, ao outro e ao todo. Amor é força de transformação rumo ao que houver de melhor em nosso entendimento. E nessa compreensão talvez esteja a chave da liderança verdadeira e autêntica. A tese em relevo aqui é que os líderes, que realmente fazem a diferença, são pessoas capazes de amar em profundidade e, com isso, constroem e transformam os seus empreendimentos, alinhando as almas em prol do bem comum.

Partindo dessa tese, se encontram diversos corolários, ou consequências construtivas, que descrevem o que esses líderes conseguem com a força do amor. Cinco deles são descritos abaixo:

1. Líderes não mandam: Pela força de sua autoridade, pela confiança que inspiram e pela competência que demonstram, eles são naturalmente seguidos; não precisam impor ou mandar. A capacidade de demonstrar apreço verdadeiro, e amar ao seu trabalho, desperta oque os outros têm de melhor para a construção do que for necessário. Em nossas vidas profissionais temos observado diversos chefes que precisam mandar e centralizar neles as decisões, seguir a cartilha restritiva do comando e controle; no fundo eles têm medo de perder mais do que o amor por construir. Estão onde estão pelas circunstâncias. Eles nunca fizeram ou fazem a diferença!

2. Liderança é um fenômeno conjunto: Em complemento ao que foi descrito no primeiro corolário, o que se observa é que líderes verdadeiros ajudam a desenvolver uma atmosfera em que a liderança é um fenômeno de equipe. Amam a atmosfera de colaboração sincera e de criação conjunta (capacidade de amar em profundidade). Então, decisões importantes são tomadas em consenso, a competência de cada membro é levada em consideração e o todo se transforma em algo maior que a soma das partes. Em nossas aulas sobre liderança observamos profissionais que começaram as aulas descrentes em si mesmo, pensando nos líderes como pessoas carrancudas e autoritárias. Mas, quando descobriram que liderança é fenômeno conjunto, realizaram seus potencias de líderes com certa facilidade até. Não é preciso ser o que não se é!

3. Líderes desenvolvem Líderes: como liderança é algo ligado a questões de sentimentos nobres, sobre a capacidade de amar a si próprio em primeira instância (e se autoliderar pela vida) e sobre a capacidade de amar ao próximo, os líderes verdadeiros se autodesenvolvem e atuam concretamente na direção do desenvolvimento pleno daqueles que o circundam. Aqui começa o exemplo a ser um potente instrumento de catálise. Os que vêem essa postura altruísta de firme convicção pela evolução constante do caráter (e da ética) desse líder se sentem envolvidos e comprometidos a procurar fazer o mesmo. O resultado é que sua presença construtiva e o seu exemplo de postura geram um ciclo virtuoso.

4. Onde há Líderes há grandes resultados: Algumas pessoas ainda confundem essa capacidade de amar do líder (verdadeiro e integral) com uma atuação paternalista (de dar tapas nas costas e proteger seu pessoal a qualquer custo) e com uma postura relaxada (deixar tudo acontecer de forma frouxa). Esse é o maior engano. Líderes que amam são determinados e procuram ser justos. Os resultados estão em sua mira constantemente, mas o perseguem de forma consequente e ponderada. Não existe um líder verdadeiro sem grandes resultados alcançados, exatamente por serem capazes de amar de forma firme e obstinada. Amam realizar, e esse é o legado concreto que procuram deixar.

5. Líderes são exemplos: finalmente, aqui é o ponto de chegada. Por tudo isso que foi relatado acima, os líderes são exemplos a seguir. E é isso que faz com que outros o sigam de bom grado. Porque percebem que sua energia de amor é realizadora e que se o observarem e aprenderem com ele, irão se transformar construtivamente. Sentem que ao seu lado são capazes de produzir mudanças positivas e duradouras. E sabem que isso acontecerá de forma equilibrada e justa, pois se algo der errado não haverá um culpado, um bode expiatório. Por outro lado, se tudo ocorrer bem, o mérito e os ganhos serão de todos. Há melhor definição de amor do que essa?

Resta-nos outra pergunta: por que estamos nessa situação tão complicada na política, na ética e na economia aqui no Brasil? Simples, porque por influência de alguns elementos culturais de nossa história, não desenvolvemos suficientes líderes verdadeiros. O que temos, infelizmente, é uma maioria de oportunistas que não estão preparados para agir de forma solidária (ou não querem) a si mesmo, aos outros e ao país! Não aprenderam a amar de fato.

A História, também, tem nos mostrado exemplos muito fortes desses líderes amantes, dessas personalidades determinadas e éticas, que buscam resultados superiores para todos e o fazem de forma que os fins não justificam os meios. Entre muitos podemos citar Mandela, Gandhi, Joana D’Arc, Madre Teresa, Martin Luther King. Não iremos nos ater a analisar o quanto eles alcançaram de resultados e nem o quanto eles foram capazes de amar, com esse apelo profundo que mencionamos no início deste artigo. Creio que essas demonstrações são desnecessárias pela ampla divulgação do perfil e realizações desses homens. Apenas uma colocação relevante: em algumas palestras que tenho proferido, pessoas se insurgem contra esses Líderes, dizendo que também fizeram coisas reprováveis; no que rebato com apenas dois argumentos. Primeiro, eles foram humanos, e nenhum ser humano é perfeito. Segundo, que vale a máxima: “conhece-se a árvore pelos frutos”. Você é capaz de descrever os frutos de cada um desses grandes seres humanos e Líderes?

Falamos sobre amor, sobre a amplitude de uma capacidade humana, quando alguns talvez esperassem alguma receita específica sobre como liderar. Para se transformar em líder é preciso antes transformar a sua pessoa, a sua alma. E o amor talvez seja a capacidade máxima para a transformação de qualquer pessoa, inclusive para a função de liderança. Quando se alcança a plenitude dessa capacidade, que é inerente a todos nós, então começamos a liderar de fato e nos tornamos um exemplo. Talvez seja esse passo que ainda temos vergonha de mencionar no universo do trabalho e que pode ser tão urgente e necessário!


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